Luiz Carlos anuncia DVD com o repertório do último disco do grupo, permanece com o Gigantes do Samba e recorda que influenciou os amigos Alexandre Pires e Belo a cantar
Rio - O pagode dos anos 1990 está em alta. Nos últimos dias, fãs do Molejo lotaram as redes sociais de memes comparando ‘Cilada’, sucesso do grupo carioca, com ‘Perfect Illusion’, música nova de Lady Gaga — por causa dos refrães um tanto parecidos. E a turnê Gigantes do Samba, com Belo, Luiz Carlos (Raça Negra) e Alexandre Pires, vem lotando espaços pelo Brasil. Desta vez, o vocalista do Raça Negra retorna ao Rio, mas para mais um show de sua banda. É hoje, na Quadra da Mangueira, e os fãs podem se preparar para cantar músicas como ‘Cigana’, ‘Cheia de Manias’, ‘Jeito Felino’ e ‘É Tarde Demais’ — além dos sucessos da Jovem Guarda que o grupo sempre inclui em seu repertório, e músicas recentes. E O DIA ainda dá 25 pares de ingressos para os leitores curtirem o show de graça.
Luiz Carlos, do Raça Negra - Divulgação
Luiz Carlos sabe do poder que o balanço dos anos 1990 ainda tem com o público — especialmente com quem era criança na época e cresceu ao som do suingue do Raça Negra e de outras bandas do período. Como o Raça Negra já é bem veterano (iniciaram atividades em 1983 em São Caetano do Sul, SP, apesar de terem conseguido sucesso só na década seguinte), serviu de influência para vários pagodeiros de sua época.
“Alexandre Pires é muito dedicado em tudo que faz, virou noites em estúdio para fazer todos os arranjos do Gigantes do Samba. E Belo conheço desde que ele era menino. Sempre me alegro muito com os dois, porque é bom saber que você serviu de influência para tanto talento”, diz o cantor, que cai na estrada com o Raça Negra paralelamente aos Gigantes do Samba e se planeja com muita antecedência para não deixar furos. “Os outros Gigantes também têm seus compromissos e respeitamos isso. Trata-se de um projeto maravilhoso e paralelo”, conta.
Hoje, o Raça Negra conta com Luiz Carlos (voz e violâo), Fabinho César (pandeiro e violão), Fernando (tantan) e Fininho (bateria), além de Fena (surdo) e Irupê (sopros). O grupo foi passando por algumas mudanças de formação de 1983, quando foi iniciado, até hoje — a saída mais sentida foi a do percussionista Gabu.
“É difícil não acontecerem mudanças, embora poucas delas tenham ocorrido na nossa história. Mas conseguimos manter a identidade do Raça Negra”, comemora Luiz Carlos.
De lá para cá, foram mais de 20 discos e quatro DVDs. O mais recente, ‘Rei do Baile’, faz uma mescla de várias músicas que o grupo viu serem executadas em bailes. Algumas bastante recentes: ‘Tão Seu’ (Skank), ‘Pescador de Ilusões’ (O Rappa), ‘Primeiros Erros’ (Kiko Zambianchi) e até ‘Fogo e Paixão’ (Wando) levadas para o idioma musical da banda.
“Esse disco vai virar DVD ano que vem com vários convidados”, adianta Luiz Carlos. No DVD ‘Raça Negra e Amigos Ao Vivo’, de 2012, o grupo já experimentou um pouco dessa receita dividindo o palco com Amado Batista, Belo, Alexandre Pires e até os filhos do vocalista, Juliana e Raffa.
PALÁCIO DO SAMBA
Tocar na quadra da Mangueira, conhecida como ‘Palácio do Samba’, é um sonho para qualquer artista do estilo. Para Luiz Carlos, a alegria não é diferente. “Mangueira é sempre Mangueira. Posso ter direito a mais 30 anos de carreira que sempre será diferente tocar aqui”, alegra-se o cantor do Raça Negra. “Tenho muito orgulho de ver as pessoas cantando nossas músicas e queremos levar o melhor para todos. Só tenho um recado: preparem-se para dançar”, exclama o vocalista.
As discussões eternas sobre o que é pagode e o que é samba já atingiram o Raça Negra (e grupos como Molejo e Só Pra Contrariar) várias vezes. De modo geral, considera-se esse tipo de grupo como estando distante do samba de raiz — daí o nome “pagode” (que originalmente significava apenas “reunião de sambistas”) ter sido usado para diferenciar esse som. O Raça Negra, por sua vez, veio trazendo muitas diferenças para o cenário do samba: influências da Jovem Guarda, um grande êxito com uma regravação de ‘Será’, da Legião Urbana, em 1991. Levar esse tipo de sonoridade para as quadras, diz Luiz Carlos, é acrescentar novos ingredientes. “Isso não nos afasta do samba de raiz, pelo contrário. Mostra as várias faces do samba”, diz o músico, lamentando só não ter tempo de se divertir no Rio nas horas de folga. “Mas amo a cidade e tenho muitas recordações do Rio”, conta o cantor.
por Ricardo Schott
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