terça-feira, 13 de agosto de 2013

Olho por olho, dente por dente? Eu tenho as minhas dúvidas

A vingança e o ódio de Aline

Dando continuidade à série “A arte inspira a vida”, estava pensando na história da Aline de Amor à Vida. Ainda não se sabe direito o que houve, mas a moça comeu o pão que o diabo amassou por causa do César e está decidida a se vingar do médico. Ok, essa história de gente que ressurge depois de anos para devolver com juros todo o sofrimento pelo qual foi obrigado a passar é coisa de novela. Mas o desejo de vingança não é exclusividade de personagem de folhetim.

Claro que ninguém (ou quase ninguém) sente vontade de, verdadeiramente, destruir a vida de outra pessoa por causa de um pé na bunda, puxada de tapete no trabalho, injustiça ou traições de todo o tipo. Mas quem nunca se pegou pensando em um plano maligno para transformar a existência de outra pessoa depois de ser “vítima” de uma das situações acima?
Eu mesmo, depois de levar o fora de um namorado de quem eu gostava muito, quis ganhar na Mega Sena para poder comprar a casa em que ele morava e a empresa em que ele trabalhava e deixar ele em uma situação miserável. Como vocês estão lendo esse texto quer dizer que eu não fiquei milionário por causa da loteria nem levei adiante a operação que deixaria o ex na sarjeta.

Esse tipo de delírio com cara de novela mexicana do SBT é divertido e válido para desopilar o fígado e ajudar a lidar com algumas situações mais tensas. Mas não passa disso, um exercício imaginativo completamente inofensivo e sem nenhuma chance de virar realidade. Nada a ver ficar efetivamente arquitetando formas de punir quem quer que seja por vias eticamente questionáveis. Não sou Jesus e não estou dizendo para ninguém sair por aí oferecendo a outra face. Mas apelar para artimanhas e estratagemas duvidosos, ainda que seja em busca de justiça, é algo como transformar em suas “leis” os “crimes” cometidos contra você. E esse, minha amiga, não me parece o melhor caminho a seguir.

Além da questão ética, o desejo genuíno de ir até as últimas consequências para se vingar tem um impacto gigante na sua vida emocional. Não há como ser leve ou feliz quando a ideia de ir a forra e causar no outro o sofrimento e a dor que causaram a você fica martelando na nossa cabeça o tempo todo. Sem falar no tempo e energia desperdiçados no processo. A única pessoa prejudicada com isso é você. Porque enquanto você caminha por aí arrastando correntes, as pessoas já tocaram a vida. Ninguém está nem aí para seus planos malignos para conquistar o mundo. Mesmo.

Às vezes a gente está tão ferido e fragilizado que a ideia de mais alguém se sentindo desse jeito, de preferência o responsável pela situação, funciona como uma espécie de analgésico emocional. Mas como todo o anestésico, a gente percebe que o efeito “positivo” de sair por aí multiplicando a nossa dor é temporário. Com o tempo a gente descobre que o único caminho para acabar com a sensação ruim de forma definitiva é curando o que está machucado por dentro. E nada prejudica mais o processo de recuperação do que a vontade de ir à forra. Porque o desejo de vingança está intimamente ligado a reviver mentalmente o episódio que tanto nos fez mal. E não há cicatrização que dê conta se você fica o tempo todo tirando a casquinha da ferida, não é mesmo.

Eu sei que esse é o conselho mais batido do universo. Mas nada ajuda mais nesses casos do que a passagem do tempo. Depois de algumas semanas, ou meses dependendo da gravidade da situação, a dor e a raiva desbotam e abrem espaço para quem outras emoções preencham nossos dias. Entenda que não dar uma de justiceira e sair por aí punindo culpados não faz de você uma pessoa fraca. Pelo contrário, é preciso muita força para não optar pelo caminho mais fácil que o sentimento de vingança costuma representar. Entender que o seu bem-estar nada tem a ver com o de ruim acontece com o outro é um passo importantíssimo em direção à virada de página.

fonte:http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/olho-por-olho-dente-por-dente-eu-tenho-065656233.html
Por Arthur Henrique Chioramital | Amigo Gay
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