domingo, 26 de dezembro de 2010

Especial da Globo mostra trajetória de Renato Aragão e celebra Didi

A princípio, Renato concedeu uma entrevista à jornalista Patricia Poeta, contando detalhes sobre sua vida e sua carreira

26.12.2010


Foto: Blenda Gomes
"Didi é na verdade um cúmplice", define Renato

Nilma Gonçalves e Agências|Redação CORREIO
nilma.goncalves@redebahia.com.br

A produção do núcleo de Jayme Monjardim, da Globo, trabalhou arduamente, este fim de ano, para conseguir manter em segredo para Renato Aragão, 75 anos, o programa que estava sendo preparado em homenagem aos 50 anos de Didi, um dos mais conhecidos personagens da televisão brasileira. “Eu vejo a equipe aqui cochichando, não sei o que estão escondendo de mim”, disse ele, antes de saber que sua arte seria celebrada em um grande programa de fim de ano.

A princípio, Renato concedeu uma entrevista à jornalista Patricia Poeta, contando detalhes sobre sua vida e sua carreira. O bate-papo permeia o especial Nosso Querido Trapalhão, que será exibido hoje, às 21h50, na Globo/TV Bahia. “O Didi fez parte da vida dos meus pais, da minha e agora faz parte da vida do meu filho. Aqui, ouvindo o Renato, lembro de muitos momentos especiais de Os Trapalhões”, se derrete Patricia Poeta.

A apresentadora do Fantástico é apenas um dos milhares de fãs, de diversas gerações, conquistados ao longo de meio século de humor. Feito que jamais passou pela cabeça de Antônio Renato Aragão, nascido em 1935 no município de Sobral, interior do Ceará, e que queria ser advogado - ele se formou em Direito.

Aos 24 anos, mudando completamente de área, o filho do escritor Paulo Ximenes Aragão e da dona de casa Dinorá Lins começou a trabalhar na TV Ceará, como roteirista e produtor. Em 1964, Renato mudou-se para o Rio e logo foi contratado pela TV Tupi. No ano de 1974, nascia Os Trapalhões, programa que contava também com Dedé Santana, Mussum e Zacarias. A atração entrou para o Guiness, o livro dos recordes, em 1997, como o humorístico brasileiro que permaneceu por mais tempo em exibição na TV.

Didi Mocó - na verdade, Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo - veio antes, quando o humorista trabalhava na TV Excelsior e criou o humorístico Os Adoráveis Trapalhões, no qual contracenava com Wanderley Cardoso, Ivon Cury e Ted Boy Marino.

“Para mim, o Renato Aragão é o nosso Chaplin ou o nosso Mazzaropi. Além de um grande talento, ele tem uma história incrível de vida, que poucos conhecem e que vamos contar nesse especial”, define o diretor de núcleo Jayme Monjardim.

Emoções
O especial Nosso Querido Trapalhão reserva muitas surpresas ao comediante e aos telespectadores. “Trabalho há dez anos com o Jayme e dirigir esse programa é um presente. Fomos a Sobral, no Ceará, e foi tudo muito emocionante”, entrega a diretora Teresa Lampréia.

A equipe também foi a Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, conhecida por agregar fiéis da Igreja Católica. No local, Renato Aragão, católico devoto de Nossa Senhora, contou mais de sua história e foi surpreendido quando entrou na Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Lá, estavam familiares, fãs e um coral, que fez uma apresentação especial para o artista.

O programa também contará com uma encenação da vida do humorista. Quem interpreta o jovem Renato é o ator Vinícius de Oliveira - o mesmo do filme Central do Brasil (1998). “Me preparei vendo filmes e programas dos Trapalhões, além de entrevistas do Renato, já que era tudo surpresa para ele. Ele é uma pessoa simples, que tem uma verdade no olhar, e eu busquei transmitir isso”, diz o ator.

Antes de o especial ir ao ar, uma sessão exclusiva apresentou a atração para convidados, entre eles familiares e amigos do comediante, no Copacabana Palace, Rio, dia 29 de novembro. Renato Aragão, claro, estava lá e ficou emocionado com a homenagem. Desconcertado, na ocasião, após ver as imagens, disse: “Mas eu sou um blefe, nunca fiz nada”.


Desastre de avião
A afirmação é típica do homem tímido, que se esconde por trás de um palhaço. “O Didi é meu alter ego e meu amigo. Faz coisas que eu não teria coragem de fazer. Ele não tem idade. Atravessa gerações”, ressalta. Para Renato Aragão, a graça do personagem para as crianças é que ele não é como um professor, que só ensina. “Didi é, na verdade, um cúmplice, é uma criança também”, explica, e complementa: . “Não foram só flores, passei por momentos difíceis, mas persegui meu sonho”.

Uma das passagens de grande dificuldade que o Trapalhão enfrentou - além das perdas dos amigos e companheiros de grupo, Zacarias, em 1990, e Mussum, em 1994 - pouca gente conhece: ele sobreviveu a um desastre de avião. A passagem será revivida no programa. O acidente aconteceu quando o comediante, ainda no Ceará, tinha por volta dos 20 anos. A sequência mostrará o predestinado Renato saindo das ferragens, no meio de dezenas de mortos, todo ensanguentado. Ele agradece até hoje por ter sobrevivido.

Um outro momento marcante - mas, desta vez, sem desastre - da carreira do artista aconteceu durante a maratona do Criança Esperança, em 1991. Na ocasião, Os Trapalhões também comemoravam os 25 anos do programa. Ele cumpriu sua promessa de beijar a mão do Cristo Redentor. A cena foi televisionada e mostrada ao vivo, para todo o Brasil.

Família
Recentemente, Renato Aragão também enfrentou uma situação complicada. Em abril deste ano, o humorista escorregou no estúdio durante as gravações de Aventuras do Didi, e sofreu uma séria queda. Ele quebrou o nariz e teve que se submeter a uma cirurgia, tendo que ficar afastado por meses da televisão.

Renato Aragão não fala muito sobre sua vida pessoal. O que se sabe é que, do relacionamento atual, com a fotógrafa Lilian, o ator tem uma filha, Livian, 11 anos, além de outros quatro filhos do primeiro casamento. Sempre reservado, Nosso Querido Trapalhão é uma ótima oportunidade para saber mais sobre a vida deste que é um dos ícones do nosso humor.

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