Maira Cabrini.
Fonte: EFE
Rio de Janeiro, 26 ago (EFE).- A realidade das favelas do Rio de Janeiro e de bairros pobres de outras cidades do mundo é mostrada sob a óptica de seus habitantes em um festival de cinema que procura transformá-los em porta-vozes de suas próprias vidas e democratizar a sétimo arte.
Sob o lema "Da periferia para o mundo", a quarta edição do CineCufa, o festival internacional de cinema da Central Única de Favelas (Cufa) foi aberta nesta semana no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, onde até 5 de setembro competirão 74 longas-metragens de oito países da América e Europa.
O grande protagonista do festival é o filme "5xFavela, Agora por Nós Mesmos", uma versão do clássico "Cinco Vezes Favela" (1961) em cinco curtas-metragens de 20 minutos apresentam algumas das muitas realidades dos bairros cariocas.
A produção, que fez sua estreia mundial neste ano no Festival de Cannes, foi inteiramente criada, escrita e filmada por moradores de favelas, assim como os outros filmes em competição no CineCufa.
No entanto, seus criadores combatem a associação automática com a origem na favela.
"Somos cineastas e ponto. Não é necessário colocar o rótulo de 'favela'", defendeu Rodrigo Felha, diretor de um dos episódios de "5xFavela" em um debate sobre o filme.
Os filmes em competição no CineCufa retratam diferentes facetas de bairros pobres e refletem uma realidade palpável com uma linguagem crível. "Falam de superação e desafio, e não só dos tiros, das drogas e da violência", continuou Felha.
"O objetivo é que quem veja os filmes se sinta representado, porque muitos criticaram que não se sentiam identificados nos filmes sobre as favelas", explicou Manaíra Carneiro, a caçula dos sete co-diretores de "5xFavela", com 22 anos.
Para Cacá Diegues, um dos diretores de "Cinco Vezes Favela" e o idealizador da nova versão, "há uma geração de jovens cineastas que maneja as novas tecnologias de uma maneira muito talentosa, original e nova".
"Há anos as favelas existiam, estavam aí, as víamos, mas não nos referíamos a elas, como se fossem uma vergonha social, uma mancha", relatou Cacá.
Em um documentário "making of" do filme, os mais de 100 jovens contratados nas favelas cariocas para a produção do longa-metragem, muitos sem experiência no meio audiovisual, falam do cinema como uma ferramenta de comunicação.
"Não é só um filme, estamos exibindo nosso coração. Gosto de estar fazendo algo importante", explica um jovem profissional que pretende colocar um pé no mundo do cinema e diz aproveitar a oportunidade de trabalhar com profissionais e com material de qualidade.
"Aprendi a lidar com as pessoas, aprendi a solidariedade profissional", acrescenta uma das assistentes de direção do longa-metragem. EFE.
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