segunda-feira, 9 de maio de 2011

Com Leandra Leal e Cauã Reymond, 'Estamos Juntos' se destaca no Cine PE



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Carol Almeida
Direto do Recife

Divulgação
Cena do filme Estamos juntos

Na cidade de São Paulo, a relação entre a claustrofobia do espaço privado e a amplitude vertiginosa do espaço territorial, quem nem sempre é público, muitas vezes se inverte em suas vocações naturais. E então o que deveria ser asmático dentro, termina aliviando. E o que deveria ser amplo lá fora, termina sufocando. "O avesso do avesso do avesso do avesso", cantaria Caetano sobre a cidade. Estamos Juntos, novo filme do paulista Toni Venturi, quer falar desse mundo de cabeça pra baixo, onde o céu, diz o personagem, se vê de cima pra baixo, quando as estrelas da megalópole se acendem nos edifícios.

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E ao subir no "chão" da cidade com uma sequência de abertura panorâmica que coloca o horizonte deste vasto cenário em diagonal, fica claro que esta é uma história que tem, entre seus personagens centrais, a própria São Paulo, mais feminina, e diagonal, do que nunca. Porém aqui à mercê de uma história cujo desfecho carece um pouco do fôlego dessa panorâmica inicial.

Destaque na programação do Cine PE este ano, o filme paulistano por essência e urbano por derivação, traz como personagem-guia uma jovem médica da rede pública de saúde interpretada por Leandra Leal. Atriz que, não diferente do que fez em seus últimos filmes, sustenta todo o drama de sua personagem com uma espantosa coerência de movimentos, olhar e voz. Carmem, a médica em questão, está doente de várias doenças, uma bastante grave, outras comuns e facilmente tratadas com injeções de autoestima que podem ser achadas ou no psicólogo ou no ombro mais próximo.

A personagem caminha no passo da expectativa do diagnóstico, no diagnóstico em si, e na inútil negação dele. Gravitando perto dela, um amigo gay interpretado por um Cauã Reymond bem em cena, uma colega de hospital interpretada pela talentosa Débora Dubboc, um namoradinho argentino vivido por um quase destoante Nazareno Casero e, finalmente, um amigo de natureza e intenções misteriosas que parece estar sempre por perto e cuja voz de barítono evoca algo de sobrenatural. Este último é vivido por Lee Taylor.

Desse mundo de resoluções de classe média, Carmem é introduzida por sua colega de trabalho ao universo do movimento dos Sem-Teto em São Paulo e seu contato a princípio didático com essas pessoas, mulheres lideradas pela personagem forte de Dira Paes, dá mais complexidade ao drama da moça que poderia ser desdobrada no fim das contas somente como mais uma menina mimada.

O roteiro inteligente de Hilton Lacerda dá veracidade e peso aos conflitos dos personagens. Talentoso em identificar esses pequenos atos falhos de nossos cacoetes urbanos, Lacerda costura bem as figuras que cercam Carmem e dá a eles palavras e diálogos na medida certa. Quase todos em cena sabem se aproveitar bem disso. O descompasso acontece mesmo porque esse microcosmo não se resolve em si mesmo, pois as decisões que são tomadas pelos personagens na reta final do filme tentam responder a uma resolução criada e desejada pelo espectador, não exatamente pelo personagem.
A estreia nacional de Estamos Juntos está agendada para 17 de junho, nas salas de todo o País.
A repórter viajou a convite da organização do festival
http://cinema.terra.com.br

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