quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Deus Salve o Rei é muito mais do que Bruna Marquezine

Para o público das 7 somente a personagem Catarina importa, mas há muito a ver na novela das 19h.

Foto: Divulgação/TV Globo

Quando se anunciou a estreia de Deus Salve o Rei fiquei um pouco receoso, primeiro por ter um enredo similar em alguns aspectos com a trama Belaventura (a questão por disputas territoriais e o amor de um nobre por uma plebeia) da RecordTV, mas isso logo se desfez. Apesar das similaridades, as duas possuem estéticas e maneiras diferentes de serem contadas e em nada lembram Games of Thrones, a aclamada série da HBO. Ambas andam com as próprias pernas.

Deus Salve o Rei é visivelmente uma superprodução, mesmo que em Chroma Key e bebe visivelmente na fonte do folhetim tradicional, isso todo mundo sabe. O que a maioria não percebeu é que é uma forma de a Globo mostrar ao mundo que pode criar e produzir algo tão imenso e intenso quanto qualquer produção do mundo (mesmo telenovela sendo considerado algo menor, o que não é). A emissora não precisava provar nada a ninguém, mas apresenta algo digno de grandes produções de Hollywood, considerado os melhores do mundo.

A novela em si é um bom entretenimento: tem romance, intrigas e uma pequena dose de humor, que é um grande destaque na história. Há núcleos que apresentam histórias promissoras como a de Mandigueira (Rosa Marya Colin), Virgílio (Ricardo Pereira) e de Rodolfo (Johnny Massaro) que devem crescer mais durante a trama. Atores como Rosamaria Murtinho e Marco Nanini dão à obra a ideia de que não é só uma história voltada para o público jovem, mas para todos os públicos. Os dois emocionam com gestos, olhares e interpretação magistral. Afinal, os reis de cada reino não perdem a majestade diante de um elenco com inúmeros seguidores nas redes sociais.

Apesar de toda produção, texto, direção competente e elenco, o assunto que leva Deus Salve o Rei a boca do povo é a interpretação de Bruna Marquezine, que apesar de sempre repercutir na imprensa ganhou mais destaque após o retorno de seu relacionamento com o jogador de futebol Neymar no final do ano passado. Claro que foi um chamariz para a trama e consequentemente para a interpretação da atriz.

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A imprensa caiu em cima das interpretações de Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine, chamando a última de robótica, mas será que isso é verdade? A trama se passa entre dois reinos na idade média (aparentemente) e isso não deveria interferir também no texto? Tirando as gírias que não cabem mesmo a novela, Deus Salve Rei tem um texto contemporâneo. Será um risco ou deslize mesmo? Só o tempo dirá. Se a ideia era se passar na idade média, não seria bom banir os sotaques tão em evidência na trama também?

Outro fator que acho que prejudica a atenção do público em relação a Marquezine é perceber que ela faz um papel diferente do que já feito. É uma vilã que não dissimula, tem as mesmas feições para tudo, que não sente nada por ninguém. Se a história se passa na idade média, consequentemente na Europa e quem conhece os europeus sabe o que eles pensam de aparentar sentimentos, que é o mesmo que demonstrar fraqueza, percebe que Bruna Marquezine pode estar dando um ar diferente a personagem. Não estou defendendo a atriz, mas dizendo que pode ser uma nova visão de personagem e construir algo diferente.

Ainda em seu início, Deus Salve o Rei tem muito o que apresentar, antes de rotularmos a atuação de alguém, a novela em si e por isso demorei um pouco a contar minhas primeiras impressões. É um biscoito fino que pode nos surpreender se a crítica for além de Bruna Marquezine e notar realmente a obra.

fonte
por Emerson Ghaspar
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