segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oscar 2011: "O Discurso do Rei" marca a vitória do rato que ruge

28/02/2011 03h31
Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil

Daqui a alguns anos, é provável que pouca gente ainda se lembre de que o vencedor do Oscar 2011 foi uma produção independente britânica, relativamente modesta em suas intenções, mas simpática, bem-humorada e muito feliz na conquista dos eleitores da Academia de Hollywood em um ano discreto, sem candidatos a se tornarem clássicos. O rato que ruge.

Veja a lista completa de vencedores
Fotos da cerimônia
Tapete vermelho

Para a história, tenderá a ficar a impressão equivocada de que os quatro prêmios nobres concedidos a "O Discurso do Rei" -- melhor filme, direção (Tom Hooper), ator (Colin Firth) e roteiro original (David Seidler) -- consagraram uma superprodução norte-americana concebida desde o início para acumular estatuetas.

Não havia nenhum filme exatamente com esse perfil, o de "feito para o Oscar", na disputa deste ano. "A Origem", que também recebeu quatro prêmios (fotografia, efeitos visuais, mixagem de som e edição de som), talvez fosse o mais próximo da ideia de superespetáculo hollywoodiano, com um orçamento elevado (US$ 160 milhões, contra US$ 15 milhões de "O Discurso") e bilheteria generosa (US$ 292 milhões).

E havia "A Rede Social", que parecia o "filme do ano" ao acumular prêmios da crítica nos Estados Unidos no fim de 2010, mas que saiu da festa do Oscar com apenas três estatuetas (roteiro adaptado, trilha sonora e montagem) -- uma bagagem proporcional ao seu tamanho "quase-independente", com orçamento de US$ 40 milhões (inferior ao valor médio de uma produção industrial nos EUA).

Das 18 categorias disputadas por longas-metragens de ficção falados em inglês, esses três filmes foram vencedores em 11. Os prêmios restantes sobraram para "Alice no País das Maravilhas" (direção de arte e figurino), "O Vencedor" (ator e atriz coadjuvantes), "Cisne Negro" (atriz), "O Lobisomem" (maquiagem) e "Toy Story 3" (que, além de canção, ganhou também a "sua"categoria, de longa de animação).

Dos 10 candidatos a melhor filme, quatro passaram em branco. O pior desempenho foi o de "Bravura Indômita", com 10 indicações. Nos outros três casos -- "127 Horas" (seis indicações), "Minhas Mães e Meu Pai" (quatro) e "Inverno da Alma" (quatro) --, já se previa que as chances de premiação eram muito pequenas.

Na 60a. vez em que a cerimônia de premiação foi transmitida ao vivo pela TV, notou-se o esforço da Academia para atrair o público jovem (Anne Hathaway e James Franco puxaram a fila, como apresentadores, mas houve diversas outras participações de astros em ascensão) e para condensar o programa, reduzindo o número de piadas e a duração média dos discursos.

No fim da cerimônia, a apresentação de um coral de estudantes de uma escola pública de Staten Island (Nova York) e a reunião no palco de todos os vencedores representaram as modestas novidades de um espetáculo que, entra ano, sai ano, não consegue escapar de sua identidade. E quem disse que o seu público cativo deseja que escape?


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