sexta-feira, 26 de maio de 2017

Arlindinho diz que o pai está melhorando e tentando se comunicar

'Ele abriu o olho, mexe a boca, tenta responder algumas coisas. Está começando a movimentar o lado direito, que estava paralisado', conta o filho de Arlindo Cruz

Rio - Internado no CTI da Casa de Saúde São José, no Humaitá, desde 17 de março, por causa de um AVC hemorrágico, o sambista Arlindo Cruz tem apresentado melhoras. “Ele abriu o olho, mexe a boca, tenta responder algumas coisas. Está começando a movimentar o lado direito, que estava paralisado”, conta Arlindo Neto, o Arlindinho, filho do músico. A partir deste domingo, às 15h — e dando sequência em todos os últimos domingos do mês —, ele leva o repertório do pai ao palco do Renascença Clube, no show ‘Arlindinho Canta Arlindo Cruz’. Na estreia, emoção garantida: o filho recebe um dos maiores parceiros do pai, Sombrinha, além do grupo Bom Gosto e de Ronaldinho Craque do Samba.

'Fico feliz com as mensagens e orações das pessoas', diz Arlindinho - Arthur Pereira

Escolher o repertório da apresentação não vai ser moleza: entre hits do Fundo de Quintal (‘O Show Tem Que Continuar’, ‘Amor Maior’), de seus discos em dupla com Sombrinha (‘Sagrado e Profano’), de sua carreira solo (‘Meu Lugar’) e de suas parcerias com Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Franco e Serginho Meriti, são mais de 700 músicas gravadas.


“Vamos escolher o repertório no ensaio, e na hora tem os pedidos do público, que a gente vai atender. Mas no show, vai faltar música, hein?”, brinca. “Muita gente vai falar: ‘Pô, mas cadê aquela? Ele não cantou aquela?’ Mas é que tem as músicas que cada um gosta. A gente vai procurar agradar, mas sempre vai faltar alguma coisa”, conta. 

FÉ E APRENDIZADO
Tem músicas também da parceria entre pai e filho, como ‘O Bom Aprendiz’, uma canção sobre esperança e superação, que Arlindo havia gravado. A fé, que sempre aparece no trabalho do sambista, também faz parte do dia a dia de Arlindinho. “Tenho o braço direito tatuado com Cosme & Damião. Tenho tatuagens de Nossa Senhora, de Exu, que me protege pelas ruas. Antes de dormir, eu sempre rezo. Vou à igreja, vou ao candomblé. Fico feliz com as mensagens das pessoas que estão rezando, torcendo”, conta ele. ‘O Show Tem Que Continuar’, parceria do pai com Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, é a música a qual Arlindinho se agarrou como um mantra. “Quando me sinto fragilizado, busco forças nela”.

NA BASE DA EMOÇÃO
Amigo de Arlindo desde os anos 1970, Sombrinha vai subir no palco pela primeira vez com Arlindinho neste domingo. “Vamos ficar no improviso. O que pintar na hora, cantamos”, conta ele, também amicíssimo do recém-falecido Almir Guineto, que foi parceiro dele e de Arlindo. Mas quer espantar a tristeza. 

“Não quero fazer o show pensando nisso. Penso na alegria do Almir. Ele vivia sacaneando todo mundo. E o Arlindo tá aí. No show, a gente vai mandar uma carga boa de energia para ele”. Sombrinha ainda não conseguiu visitar o amigo. “Quando fui, o médico proibiu, porque ele não podia se emocionar. Mas depois fiquei sem coragem. Eu e o próprio Zeca Pagodinho estamos sem coragem de ver nosso compadre dessa maneira”.

OPERAÇÃO
Arlindinho estreia um show solo no dia 20 de junho, no Teatro Popular de Niterói. “Quero também cantar no Rival, que foi o primeiro palco em que cantei com meu pai”, relembra. E em meio aos ensaios, shows e idas ao hospital, ele cuida da saúde. No ano passado, perdeu 65 quilos após fazer sleeve, uma variação da cirurgia bariátrica.

“Me inspirei no André Marques. Até brinco com ele que somos irmãos de grampo, porque a operação grampeia o estômago”, conta Arlindinho. “Eu cheguei a 140 quilos, estava com as pernas inchadas, não conseguia mais jogar bola. Hoje, corro, não como fritura... Tô me cuidando!”, diz. 

por Ricardo Schott

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